quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A sensação Danii - Vou sonhar que esta sou eu - narrada e lirilizada tanto quanto...

Quando eu acordo ela já está cutucando o dia, encostada no travesseiro dobrado, apoiado na cabeceira da cama. Ela larga o notebook e olha pro meu rosto buscando qualquer expressão, sem notar que eu abri os olhos e voltei a dormir, depois de avaliar alguns segundos se havia sono. A verdade é que talvez ela já tenha desvendado este meu pequeno segredo de nossa rotina: o de disfarçar ao despertar para dormir novamente. Mas não o que ainda estou por revelar: o quanto um homem se torna feliz por este simples instante. É  lúcida representação do amor estável, que não falha quando você se distrai, tropeça ou descansa, pelo fato ingênuo de, pacientemente, o aguardar despertar. Sensação de quem te aconchega, e o suprime com um alimento da felicidade de alguns segundos, matando de fome qualquer tristeza no início de um dia. Um extermínio à solidão de qualquer homem. Acho que isso sintetiza o sentimento que há tempos tento transcrever em um "novo Danii". Este ínfimo intervalo do nosso convívio. Quando tentei escrever para ela pela primeira vez, eu me lembro de ter buscado uma definição e acabei mudando a prosa e caindo em segunda pessoa, uma pena. Esta é a minha estréia em terceira. É diferente de tudo que fiz e um pouco mais atrevido: já fui motivador, um apaixonado declarado, pescador de translações que caibam no nosso afeto jovem, sabiamente tolo, com detalhes só nossos. Hoje, neste instante, sou simplesmente um narrador de Danii. E definir Danii não é como descrever afeição, semblante e expressão, ou delinear nestas letras de forma as suas fórmulas que me agradam e deduzem por completo a minha equação. É justamente o oposto. É, em vez disso, [acreditem] falar mais de mim, do que dela mesma: vejam que incoerência de terminações. Não é a pessoa Danii, mas a sensação Danii que eu estou me referindo. É como tentar definir uma alegria minha em olhar para frente, fazer planos em papel de presentes a cada dia três do mês, nosso momentos, agrados, minha maneira secreta de chamá-la, sonhos meio extrovertidos transcritos em palavras no meu blog, ansiando a aprovação dela nos minutos seguintes. É apenas e completamente isso. Eu podia ficar aqui tentando escrever diversas sentidos implícitos bonitos para definir quem ela é, inspirar metáforas em autores e analogias leves, como suas mãos me tocando ao acordar. Mas esse texto não é para exibir seus detalhes íntimos, ou expor sua aparência que pertence só a mim. Isso aqui é só para resumir este intervalo trivial, enquanto durmo, idealizando a sua companhia premeditada, todas vezes em que eu sacio sua espera e abro os olhos, em nossas manhãs únicas, intermináveis. Danii é o nome que eu dou a minha alegria com meu próprio futuro. 

Fernando Palma
http://fernandopalma.blogspot.com/p/somente-pequenos-textos.html

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