quinta-feira, 24 de junho de 2010

Fim de etapa

Com o texto anteriormente aqui publicado, fecho a série Pessoas e Personificações. Espero que tenham gostado e de alguma maneira se divertido.
Passo de agora em diante, para novas abordagens.
Abraços

Dani

Cláudio

Ele claudicava de fato. Manco de emoções, trôpego de caráter. Era uma figura sui-generis. Muito me diverti a seu lado. Cláudio era um homem culto, poliglota, conhecedor de várias culturas, mas de íntimo “très pauvre”!
Quando era adolescente, nutri uma paixão platônica por esse sujeito. Ele era e ainda hoje é icônico dentro da sociedade sulista do Brasil. Sua opinião tinha e tem respaldo, sendo apreciada pelas maiores “peças intelectuais” porto-alegrenses. Mas O MANCO revelou-se ser só um caso de retórica bem - sucedida. Tudo nele mostrou-se caracterizar por ser discurso transverso. Lido daqui, transposto de acolá. Entretanto, o que era só seu constatei ser mais tarde muito aquém do que esperei e ficcionei durante anos (Fuja das idealizações!).
Conhecemo-nos por obra do acaso. PAR HASARD, como dizem os franceses. Ele viu fotos minhas na Internet e assim admirou meu exterior. Falo apenas do exterior, pois meus valores mais intrínsecos o incomodaram tão logo estreitamos nosso relacionamento. Meu léxico o encantou a priori, DONC, meu glossário filosófico tornou-se complicado demais para ele. Arguta, complexa, difícil de compreender, rapidamente tornei-me, a seu ver,entendiante. Acreditem: Mulheres muito “densas” não são apreciáveis pelo público masculino, cativo e sempre carente de mediocridades, frivolidades e afins. Óbvio também é que não me refiro a todos os homens, mas a boa parte deles. A regra tem suas exceções.
Cláudio não foi e nem é uma exceção. Não é dialético, tem alma patética e filosoficamente é raso. Não conhece o valor de uma companhia discursiva. Seu egoísmo supera qualquer tentativa de gesto afetivo. Enxerga pouco do gênero humano, pois encasulou-se em si mesmo e com isso empobreceu-se de perspectivas de um crescimento sentimental significativo. Seu pseudo-conhecimento não acrescentou quase nada em seu caráter. Sua solidão é notória, notada e constatada por qualquer pessoa de intelectualidade mediana. Tais características o tornam um ser tristonho, digno de contristação verdadeira.
Cláudio manquitoleja em seu universo LATO, de alma pachorrenta, ele é paradoxalmente STRICTO, quando teve, tem e terá muito para ser MAIOR.
Então constata-se: Não é o dinheiro que nos faz GRANDES, nem tão somente o acúmulo de conhecimentos catedráticos. Há de se observar, reter e interpretar a vida como um TODO, capaz de ser bem mais complexo do que aquilo que por horas desnuda-se diante de nossas retinas.
Gosto de Cláudio. Nutro por ele uma fraterna afeição. Às vezes, sinto por ele admirável carinho. Só penso sempre, no desperdício que foi e é, tamanho investimento em viagens, passeios, livros e debates, já que nada disso o fez um homem que marcará a história.(Nem a minha, nem a sua nem a de ninguém)
Pessoa tinha razão: “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”. Daniela frisa e reformula: “Almas pequenas diminuem e fazem universos com possibilidade de vastidão tranformarem-se em estabilidades medíocres”

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Sueli

O texto de hoje é em homenagem a uma das pessoas mais LINDAS que já tive o privilégio de conhecer em toda minha vida.
Sempre agradeço a Deus por ter colocado esta alma em meu caminho, pois a riqueza que ela acrescentou aos meus dias é insondável.
Foi em meio a uma turbulência ímpar que travei relacionamento com ela. Alguma coisa me impelia a procurá-la. Eu sentia em meu coração que naquela pessoa, mais do que ajuda, eu encontraria uma verdadeira AMIGA.
Sueli é seu nome. E aqui não estou ficcionando nem um acontecimento, caros leitores. Minha amiga existe, é de carne e osso e louvo a Deus por sua vida.
É um ser humano raro, com um coração amplo, tão espaçoso que coube eu inteirinha nele. Jamais usa de rispidez e sempre te consola quando isso se faz preciso.
Sueli é uma das poucas pessoas que eu conheço que sabe realmente o que significa AMAR. Algo como “doação involuntária”, como já mencionava nosso poeta Drummond, que em sua descendência deixou tristes exemplares de homens.
Entretanto, como é maravilhoso saber e poder ter a certeza de que sobrenomes, cores, credos ou raças não fazem uns melhores que outros. Como é fantástico reconhecer e testemunhar que uma Sales pode ser sapiente e insubstituível tanto quanto um Gerdau ou um Matarazzo. Caráteres não são moldados pela herança econômica, nem por qualquer outra característica desprezível que alguns insistem em valorizar devido a sua mediocridade interior.
Minha amiga nada tem de medíocre. Ela é grande! Grande em conduta, grande em generosidade, grande em fidelidade, GRANDE MULHER.
Então, alguns questionarão: Ela é por acaso, perfeita?!
Eu direi, NÃO. E, que bom é poder contar com as “imperfeições” de Sueli. Seus tropeços me auxiliam na percepção de que não precisamos ser perfeitos, basta sermos HONESTOS.
Eu amo Sueli pela verdade que carrega em si. Pela luta e defesa daquilo que ela julga correto. Amo Sueli, pois é a irmã que eu não tive, e que o ALTÍSSIMO em sua benigidade imensurável, a tornou minha irmã em Cristo.
Cristo vive em minha amiga. Eu atesto seu poder e misericórdia cada vez que peço socorro a ela e obtenho uma palavra de carinho.
MUITO OBRIGADA, amiga!
Deus me deu você de presente! E que presentão!....
EU TE AMO com toda a minha originalidade e certeza.
Esse texto é dedicado tão somente a você, espero que goste!
Beijo
Da tua ETERNA amiga,

Maria Daniela Leite da Silva

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Pedro

Ele teve uma passagem muito breve por minha vida. Nunca entendi ao certo quem era aquele sujeito. Falava pouco, respondia apenas o essencial, jamais deixava transparecer um milímetro de seu interior. Seu cuidado para com esse aspecto beirava a obsessão. Gestual contido e olhar profundo. Nunca o vi sorrir. Tais são algumas das características que dele comigo guardei.
Durante certo tempo, tentei decifrá-lo. Logo percebi que minhas técnicas tacanhas e amadoras seriam insuficientes. Posto que seu laconismo representasse para mim um desafio, embrenhei-me em todas as suas vírgulas, reticências, todos os seus muxoxos, seu vestir..., tudo nele tornou-se fascinante!
Mas ele era sagaz... Muito mais do que eu imaginara, mais do que qualquer outro sujeito que conhecera até então. E, em meio à minha "investigação sherlockiana", descobri (tristemente em meu caso), que havia por ele me apaixonado.
Leitores, embora eu tenha edificado minha paixão sobre uma rocha, essa “stone” era mal fixada, e ainda por cima repousava sobre um terreno movediço. Tudo nele semelhava ser firme, mas era apenas e tão somente aparência. Variações de humor e de amor eram nele frequentes. Contudo, seu nome não consistia-se por ser uma obra do destino. Ele era de fato uma pedra. Não sorrir era só uma dentre suas muitas características de amorfismo. Não chorava, não vibrava, não gozava, enfim, não se emocionava. Um ser indiferente, dono de uma frieza marmórea e de uma dureza cascalhar.
De semblante admirável, Pedro aliava a sua beleza um toque de tristeza. Creio que isso o tornava ainda mais lindo. Mas sua crueldade era maior que sua formosura. Seu pouco caso destoava em seu comportamento. Nada, absolutamente nada o enternecia. E eu fui padecendo em suas mãos.
Ele era como que um "vampiro de emoções". Sugou tudo que de positivo em mim existia, todos meus estímulos se perderam. De repente, me peguei definhando emocionalmente.
Pedro era como uma droga para mim. Minha PEDRA DE CRACK. Algo que eu necessitava desesperadamente. E quanto mais o amava, mais sofria. Suas ausências e seus cruéis silêncios geravam verdadeiras “crises de abstinência” em minha vida. Meus amigos não compreendiam a razão daquele meu “amor tresloucado”.
Um dia, em visível agonia, decidi abolir meu vício. Não queria mais me machucar com aquela PEDRA que cruzara o meu caminho. E foi assim que parti em milhares de pedaços aquela concreção calcária que se criou no meu íntimo. Essa atitude gerou em mim cólicas terríveis. Contorci-me inúmeras vezes de dor com meu “cálculo no coração”. Mas esse padecimento teve seu final.
Compreendi que a solidez, se for extrema, pode ser um mal e que flutuar, às vezes, é delicioso. Há de se ter medida em tudo, em todas as nossas vivências, em todas as nossas relações.
Fernando Pessoa costumava afirmar que juntava suas “pedras” para ao fim e ao cabo construir um castelo com elas. Eu interpreto essa afirmação como sendo de alguém que procurou ver o lado positivo todo tempo, mesmo quando os acontecimentos lhe pareceram duros demais. Mas tome cuidado, prezado leitor: Não transforme seu castelo em uma fortaleza. Não construa muros intransponíveis em torno de si. Leia a vida pelas entrelinhas, sem exageros. Se os sintomas de inflexibilidade persistirem, use medicação de AMOR prescrita pelos CORAÇÕES MOLES.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

A fugacidade das pessoas e da vida...

Sim, eu sei que aborrecimentos fazem parte da vida e que até mesmo se aprende com eles. Entretanto, a parte mais difícil desse nosso “quinhão de origem”, é a perda da confiança em quem devotamos amor e amizade.
Como é doído quando acreditamos em alguém e de repente a pessoa nos trai, sem razão aparente, sem nenhuma lógica ou motivo que explique determinado acontecimento. De certa maneira, uma amargura nos invade e até que consigamos “digerir” o ocorrido, muito ressentimento se acumulou em nosso coração. Quem teve amigos e amores que grandemente considerou, saberá ao que me refiro na narrativa do personagem a seguir.
Aos leitores, desejo uma boa sessão empática, catártica e o que mais queiram. Minha ou sua MOIRA (risos).


Estela – “Estrela candente que se tornou decadente!”.

Talvez eu seja prosaica, talvez não compreenda os valores das pessoas que compõe meu cotidiano, talvez minha natureza seja demasiado “sonhadora” (beaucoup de rêves), ou quem sabe seja apenas uma questão de excesso de rigidez em meu caráter. A verdade é que quando a decepção se apodera de mim, dificilmente consigo voltar a ser o que era (isso no que tange a questões interpessoais de um modo geral).
Estela era uma figura sui-generis. Sempre pronta a ajudar, ela era o protótipo da amiga perfeita, aquela que todos nós buscamos tanto em momentos de regozijo como de extrema dor.
Foi minha “tábua de salvação” incontáveis vezes, contornou comigo situações incontornáveis. Escorou minhas mágoas e foi platéia de meus sucessos. Um belo dia, tudo acabou... E notem, não arrefeceu, não diminuiu gradativamente de intensidade. Não, nossa amizade em um golpe abrupto se extinguiu. Ainda hoje não entendo o motivo (ou os motivos) direito.
Conhecemos-nos na adolescência. Estudamos juntas, depois seguimos caminhos diferentes, mas sempre procurávamos cultivar aquilo que achávamos ser uma amizade eterna. Todos os anos, por mais difícil que fosse, providenciávamos um espaço em nossas agendas para um encontro com intuito de PASSAR A LIMPO os acontecimentos mais significativos em nossas vidas. E como uma decorrência prevista e esperada em nossas existências, um dia conheci alguém que amei e com quem resolvi dividir meu teto. A princípio, Estela me apoiou e vibrou com minha felicidade, contudo, como os dias fossem passando, notei que os silêncios entre nós tornaram-se silenciamentos. Quero afirmar com isso que nossas caladas suspensões transformaram-se em ausência absoluta de ruídos, tanto de reivindicação como de identificação. Estela sumiu. Não respondia meus e-mails nem atendia meus telefonemas. Determinada ocasião, faltou-lhe tempo para nossas “tricotagens” e foi então que percebi que tudo havia acabado. Todavia, mesmo sentindo que as coisas precipitavam-se para um final melancólico, ainda insisti e lutei por algo que pensei ser genuíno. Convidei minha amiga para uma “despedida de casa”, afinal eu deixaria de morar com meus pais para ir viver com meu AMOR. Minha ESTRELA-AMIGA mudou de brilho. Pela primeira vez, a vi chorar de dor. Uma dor de fundo indefinido. Misto de inveja e rancor. Não aceitou vir à minha casa. Não quis despedir-se de mim, mesmo que isso fosse só no plano espacial (pois eu estava disposta a continuar lutando e mantendo nossa amizade).
Parti com coração partido. Ganhei uma vida nova e perdi uma amiga. De certa forma, perdi uma parte de minha história e com tal evento foi-se junto um pedaço de minha complexa razão de ser. Minha “Amiga-estrela-Estela” deixou de ser candente. Alguns anos mais tarde, entendi que ela sempre fora tão somente um asteróide, com pontas perigosas que feriam não apenas àqueles que a cercavam, como também a si própria. Fui traída em meus sentimentos fraternais. Minha amiga e nossa amizade evaporaram. NEM TUDO QUE RELUZ É OURO – NEM TUDO QUE BRILHA É ESTRELA CADENTE - OS ASTROS QUE PARTCIPAM DE NOSSA JORANDA PODEM SER DECADENTES.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Júlia

Enquanto o novo personagem não surge na ficção, sigo aproveitando todos os momentos que posso com a Júlia. Ela é o mais novo membro de minha família, a filha que jamais terei, o novo sentido da minha vida. Um sentido sentido de vários sentidos. É deveras gostosa a sensação de felicidade, motor que impulsiona nossos dias a serem um tanto mais “leves”. Sou grata a Deus por essa vida!