quarta-feira, 29 de agosto de 2012

E as palavras não vem fácil...

É realmente difícil falar de certas coisas, pois para elas as palavras não vem fácil. Aquilo que um dia transbordava, hoje não brota mais nem que minhas entranhas bradem. Não há sequer melancolia nesta asserção. A dor passou, a saudade passou.
Meus planos já são tão outros, e você agora é só uma lembrança distante, distanciada de quem atualmente sou. E meus olhos fixam o esverdeado de outros olhos e neles agora demoram contemplativos. Meu teto não é mais de estrelas, ele é de concreto. Entretanto, isso não é ruim, pois agora confio no que me cobre, estou finalmente protegida. Na mutuidade de sentimentos descobri razões para existir, valores pelos quais lutar.
Agora, meu ritmo não é mais desritmado. Já não sou rápida ou lerda, sou, sim, o que sempre deveria ter sido. Minha mendicância emocional ficou no passado.
As palavras não vem fácil, mas isso é tão incrivelmente positivo...
A música que dizia, hoje se tornou inútil, inaudível, indizível para mim. O lamento da letra, oposto a tudo que me cerca.
Incrível dizer sem dizer, e não dizendo dizer tanto e muito e mais do que aquilo que precisa ou deve ser dito.
Obrigada por me liberar para o precipício de minha própria existência.
Obrigada.



quarta-feira, 15 de agosto de 2012

De volta para o passado - 1985.


O que acontecia a cada um de nós naquele remoto ano de 1985. Éramos todos desconhecidos, corpos e almas que anos mais tarde se entrecruzariam, se completariam e se separariam. Jamais imaginaríamos que alguns dias ou meses de nossas existências seriam preponderantes uns para com os outros. Éramos tolos, parvos, almas incólumes.

Fico nos imaginando  passando uns pelos outros em alguma grande avenida, ainda inocentes da vida, do amor e da dor. E já faz tanto tempo... Quando alguém diz sua data de nascimento meu pensamento inevitavelmente me reporta àquele momento de minha existência, se fosse já vida materializada humanamente.

Não pensava no amor, apenas amava. Não pensava na dor, apenas sentia. Eu pensava em como seria o porvir. Estes “pressentimentos” sempre andaram junto a mim. Desde muito jovem, perdia horas imaginando como seria meu futuro, como eu seria. E sentia medo. Queria estancar a disparada frenética dos dias que diante de mim desfilavam, dos meses somando-se e aumentando mais e mais minha angústia de estar e ser. Estar aonde e ser o quê? E como eu sofria, e como meus momentos de sabor de infância se escasseavam com essa minha sofreguidão por decifrar o amanhã.

Agora, quando escuto este acorde tão familiar, que me leva como um jato ao ano de 1985 é como se estivesse lá e aqui ao mesmo tempo. Hoje e ontem fundidos dentro do meu coração que nunca soube se havia crescido ou permanecido criança.


E nós continuamos vivos, cada um em seu círculo de feitiços próprio. Nossas magias já não são mais compatíveis. Mas eu capturei muito de 1962, 1969, 1970, 1972, 1974, 1975... 1985, 2012. Eu coloquei em mim cada pedacinho destes anos longínquos através de seres que comigo completaram e decifram minha razão de aqui estar – ainda.

E quando meu sorriso surge, trago com ele os meses de agosto, março, abril, outubro, trago com meu suspiro as delícias dos anos que se foram. Ainda que sinta saudades, os humanos destas épocas por aí permanecem. Nas calçadas, avenidas, nos meses que se seguem. Pois cada novo dia é novo para aqueles que aqui estão e meus sabores de outrora certamente estão a satisfazer os coraçõezinhos jovens, tolos, parvos, as almas incólumes. Como um dia foi minh’alma.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Ô vous qui êtes sur une frêle nacelle,
désireux d'écouter mes paroles,
vous suivez mon vaisseau
qui chante et vague


Ne vous lancez ponit au large,
car, en pendant ma trace, vous resteriez égarés.
La mer que je prends
ne fut jamais parcoure


Minerve m'inspire
Apollon me conduit
tandis que les Neuf Muses
m'indiquent l'Ourse.


Elle est morte...et moi aussi.