segunda-feira, 16 de abril de 2012

Deu pena...

Pela primeira vez em muito tempo, consegui ter pena. Fiquei tão perplexa diante da vida e de seu desvairado rumo que ao final de minha constatação senti inquestionável e grande compaixão.
Quantos mal-entendidos, quanta comunicação truncada, quando sentido perdido!
Eu tive pena de mim e de você.
Senti vergonha da minha mesquinharia, do meu egoísmo e concomitante falta de altruísmo. Preciso me vigiar constantemente para ser generosa e esta é uma comprovação terrível a meu respeito. Eu simplesmente ignoro as fraquezas dos outros, fecho olhos e obstruo ouvidos diante da sensibilidade e fragilidade daqueles que me rodeiam. Como posso ser tão bruta, tão calcária!
Sei que pedidos de perdão além de falaciosos não apagam o que foi lapidado com dor e ressentimento, mas quem dera eu pudesse "consertar" o estrago que causei.
Talvez eu seja muito forte, talvez muito cruel ou quem sabe ainda insensível, quiçá tudo junto ao mesmo tempo.
Não é raro acontecer de me ocorrerem verdadeiras "revelações" acerca de questões passadas. Frequentemente quando eu tenho esses "insights", eles me chegam acompanhados de mais dor. Uma dor que vai além daquela que eu usualmente trago comigo, pois que esta surge resignificada.
Não transporto todas as injustiças dentro de mim - compreendo isso, não dirijo todos os pensamentos das mentes que mentificam comigo, mas também não consigo me eximir de certas responsabilidades.
É que eu vejo capacidade onde a maioria não vê. Escuto a linguagem cifrada do coração e do intelecto como uma composição praticamente inaudível aos ouvidos comuns. O erro principal em todo este processo, está em não levar em conta a dificuldade desta percepção refinada por parte de outrens.
No meu universo tudo é tautológico, tudo é redundante e sempre, sempre,sempre me esqueço o que disse certa vez uma grande amiga: "Cuidado, claridade demais também leva à cegueira!"
Nada do que me cerca é comum, pois eu sou profissional em fazer o luminoso tornar-se embruscado. Eu sou 'o embrusco'. As pessoas deveriam se aproximar de mim com setas fluorescentes, lanternas, lampiões de alma...por que eu embasso as percepções e acabo atrapalhando tudo, criando aflição, lástima.
Agora não adianta mais. Il est trop tard!
Lágrima e água agora tem o mesmo gosto. Não há como separá-las e ambas vertem em uma torrente infindável. Eu sinto pena! Tanta pena! Só pena!



Nenhum comentário:

Postar um comentário