domingo, 11 de setembro de 2011

Vamos refletir?

Disfarces
Logo que o bebê nasce começa a ouvir frases e receber agrados e carícias por condutas que seus pais, parentes e amigos valorizam.
A mãe diz: 'Ele é maravilhoso, não chora nunca' ou 'É tão quietinho, até esqueço dele'. Aí um determinado dia o bebê não está feliz, chora e a mãe diz: 'Ih, ele hoje está chato', ou 'Deixa ele chorando no berço, hoje ele não tem jeito mesmo'.
Bastante rápido o bebê percebe que nesse ambiente de escassez de carícias, ele não vai receber carícias que necessita se agir espontâneamente. Passa então, a modificar suas condutas, seus pensamentos e, em consequência, seus sentimentos.
Passado algum tempo ele acaba se esquecendo que a mudança foi para receber carícias somente no seu ambiente familiar, e passa a adotar essa postura socialmente, e por fim acaba perdendo o caminho de volta para a espontaneidade, a intimidade e a liberdade.
Essas mudanças de condutas, pensamentos e sentimentos, levam a criança a exibir seus "disfarces", ou seja, passar a mostrar uma conduta valorizada no meio em que vive, ao invés de preservar seus sentimentos reais.
A criança percebe que recebe mais carícias do seu meio, às vezes, se:
- Ao invés de brincvar, estuda;
- Outras vezes fica doente e passa a não estudar;
- Não chora, faz cara de que está tudo bem;
- Para de ser afetiva e se torna briguenta.
Foi feita uma experiência que consistiu em colocar um rato em frente a um labirinto. O rato passa a explorar esses túneis, a princípio somente movido pela curiosidade, depois de algum tempo, passa a sentir fome e a procurar o alimento.
Finalmente, encontra esse alimento no túnel número quatro, e repetidas vezes a comida é colocada no mesmo túnel. O rato, passado determindo tempo, mesmo que não seja colocado alimento no túnel número quatro, continuará procurando esse túnel em busca de sua nutrição, e ficará aí o todo o tempo, podendo mesmo vir a morrer.
Aprendeu que encontraria comida em determinado lugar, não teve a percepção de procurar alimento em outros túneis.
Com as pessoas acontece o mesmo: aprendemos que conseguimos carícias com determinadas formas de condutas, e nos acostumamos a elas sem experimentarmos novas maneiras, sem termos a consciência de que os tempos mudaram.
A criança descobre que será valorizada pelos pais por:
Imitá-los - ser tão depressiva como a mãe ou tão briguenta quanto o pai;
Aceitar uma...
Proibição - 'Filho meu não chora', ou 'filha minha não chega depois das dez horas'
Realizar uma...
Indicação - 'Você tem que ficar contente por tê-lo deixado, agora está livre para fazer o que quiser...'
Mostra-se...
Indiferente a determinadas condutas ou situações - 'Não fique triste, não vale a pena...', ou 'Não se incomode por não ter sido convidado.'
Supervalorização a determinadas condutas - 'Ela não me dá nenhum trabalho, faz tudo sozinha'; ou: 'meu filho não me faz tão feliz, nunca me trouxe problemas.'
A criança aprende então que, mostrando seus disfarces, consegue agradar ao ambiente, manipulando-o para receber as carícias que necessita. A partir daí, as pessoas colocam suas máscaras e passam a se relacionar através delas. E, também, começam a descobrir que o amor pelas máscaras não satisfaz.
Na verdade, o que elas querem é serem amadas sem os disfarces.
Porém, muitas ficam no túnel número quatro, a espera de alimento por algo que um dia garantiu a sobrevivência.
Aliás...
O que você ainda está fazendo aí no túnel número quatro?
Com essa expressão de vítima...
ou querendo salvar a todos.
TEM MUITO ALIMENTO EM OUTRAS PESSOAS E SITUAÇÕES DA VIDA!




                                            NOTA                                                    
 Eric Berne, um psiquiatra canadense, desenvolveu o conceito "strokes", que significa, ao mesmo tempo: carícia, toque, estímulo e reconhecimento. Infelizmente, em português, não temos uma palavra com este sentido global, o que leva algumas pessoas a optarem pelo uso do termo em inglês. Neste texto, foram usadas as palavras carícia e estímulo, que ainda são incompletos como sinônimos. Entretanto, estes termos foram consagradas pelo uso na comunidade de Análise Transacional Brasileira.

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