segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Sans l'espoir!!!

Gosto muito desse texto, por esse motivo e por calhar...decidi republicá-lo.

Teu sorriso esconde uma lágrima, sempre. Sabe por quê? Por que aceitaste o pouco, o menor, a média, o normal, o saturado.
Não quiseste fazer trabalhar tuas engrenagens. Preferiste a submissão absoluta ao tédio, o conforto da tolice. Agora o preço se tornou alto demais, já não podes mais pagar por ele. O tempo não financiou teus deslizes, te cercaste de ignóbeis. Pobre és, mas tua miséria foi esculpida por teu ócio. Tuas delicadezas cederam espaço a certa imbecilidade.
As Ninfas choram e Hades te espera e esperar faz tua dor aumentar. Tuas feridas se multiplicaram, pois agora teus dias só te trazem enfado. Emolduraste tuas perspectivas em um quadro surrealista. Pícaro de ti mesmo, guardas a tristeza do idiotismo. Tremores involuntários de um corpo frágil e um cérebro condenado à demência.
Nada pode te fazer emergir do lodo em que te atolaste. Tuas mãos tentam apalpar o ar, andas a esmo, a melancolia demarcou limites ilimitados em teu coração. Pobre de ti. Permitiste que tua essência escorresse em acordes fúnebres, e agora... Não existes mais, és um borrão, caricatura, esboço amarelado nas gavetas de tua própria mente. Tuas palavras não reverberam nem mesmo dentro de ti. Perderam o sentido, pois tua condição de único acabou e sequer percebeste. A massa disforme de seres embrutecidos fundiu-se em ti e agora te compõe. Estás invariavel e simbioticamente unido aos degradados, aos estéreis de vida, aos patéticos em excelência.
Atiraste tua sobrevivência nas mãos de débeis, esperavas que eles te trouxessem oxigênio da existência, entretanto, te sufocaste em estupidez. Nada restou, nenhum escrito, nenhum negrito, nenhum registro. Tudo foi esquecido por ti. Teus cabelos se apoucaram, tuas rugas aumentaram e as palavras te sumiram. Foram sendo apagadas uma a uma. O espaço que outrora era delas, agora é palco de movimentos ritmados de burrice, e estes se repetem a cada manhã, a cada segundo. Nada é questionado, nada é pensado.
A ilusão de se negar foi preponderante em ti. E as perdas se avolumaram. Não há o que esperar. O automatismo irreflexivo te mantém. Nada de vôos, pois SEMPRE uma lágrima te contém. O universo autômato te retém.

Nenhum comentário:

Postar um comentário