Dizem que os olhos são as portas da alma, ou do coração...não sei ao certo, mas dia desses me peguei a relativizar os discursos embutidos nos olhares.
Certos indivíduos dizem que os olhos não mentem, será? Inúmeras vezes a gente acredita piamente que conhece alguém - afirmamos mesmo que só de olhar já sabemos o que determinada pessoa está pensando (quando cremos em simbiose pura), então por qual motivo acontecem as decepções, as mágoas???
Ahh, me desculpem os mais sentimentais, mas penso que nossos olhos exergam tão somente aquilo que desejam, isto é, aquilo que não lhes cause perturbação, que não lhes turve a visão. Talvez a cegueira seja providencial, talvez mecanismo de defesa ou quem sabe ainda defeito de fabricação rsrsrsrs
Sempre busquei com elevada obsessão uma racionalidade que me preservasse do sofrimento. Embora seja criticada em incontáveis circunstâncias por meu comportamento pé no chão, devo afirmar que toda vez que o mantive, evitei maiores dissabores. Já em situações adversas, quando me embrenhei em sentimentos fugazes, deixando-me seduzir por ollhares, minha amargura foi quadruplicada.
Entretanto, é bem verdade que os olhos exercem um fascínio singular, ao menos para mim. Minhas estruturas são atingidas diante de um olhar quarenta e três rsrsrsrs. Não fosse por meu bom-senso aguçado e meu sofrimento teria um inventário deveras maior do que atualmente, à cause du regard. O lado bom desta história toda é que olhar não custa nada, ressalvada a amplitude que você permite ao mesmo. Dica: proteja-se full time dos olhos que tentam desnudá-la(o). Um olhar só é bom, quando descobre aos poucos, desvendando, deixando sempre um pouquinho pra depois. Eu acredito que olhar tira pedaço! (Esse foi um complemento infame à minha frase, mas não resisti à tentação de expressá-lo).
No mais, olhe! É um conselho contraditório, todavia, vital.
Sim, eu reconheço que tudo começa com um olhar atento, demorado, faminto ou embriagado. Acho que como tudo na vida, olhar é maravilhoso, e maravilhoso também é saboreá-lo. Como todo o restante daquilo que vivenciamos, temos de ter apenas cautela, pois o que ocorre rápido ou fácil demais deve ser VISTO (olhado) com desconfiança.
C'est ça!
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