sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Cuidado com o que você deseja!

O ditado popular prega que Deus escreve certo por linhas tortas, porém, particularmente acredito que Ele  também escreva torto em linhas tortas.
Eu sou a paga de um desejo imprensado, de uma atitude irrefletida e talvez por isso, meu maior temor hoje em dia, seja o de querer algo que a mim não compete, não me sendo de direito.
Vou contar uma historinha que ilustra o que eu estou querendo dizer.
Há muitos anos, uma mocinha bonitinha e vazia de conteúdos intelectuais se apaixonou por um moço ambicioso e um bocado maior que ela em questões de pensar. Algum tempo depois, o previsível aconteceu. Ele alçou voos mais amplos e ela ficou em completo desconsolo, perdida em sua pequenez.
Posto que fosse uma pessoa de visão um tanto oblíqua da vida, a graciosa moça viu-se amargurada com a perda do amado, que para ela, e só para ela, ocorreu de forma abrupta.
Seu coraçãozinho e sua alma diminuta clamavam por preenchimentos. Então, a moça apostou em sua arma mais valiosa: sua beleza.
Tratou de seduzir e inebriar com seu charme, o primeiro que consigo cruzou. Em verdade, pouquíssimos homens eram capazes de resistir a seus encantos que mesclavam meiguice, plástica facia e corporal perfeitas, parvice e subserviência.
Durante os primeiros meses de seu novo envolvimento, a bela sentiu-se confortável e seu "parceiro-unguento", por sua vez, julgou-se um homem de sorte. Todavia, esta situação pouco durou. Em seguida, começaram as crises de caráter, inveja, as discrepâncias culturais e nossa personagem viu seus dias de desafogo transformarem-se em terror "full time".
O ponto culminante de toda trapalhada criada por esta mocinha, foi uma gravidez indesejada.
Apesar do pânico inicial, resolveu trazer ao mundo sua descendência e a ela se dedicar. Enquanto estava grávida, visto ser muito religiosa, a moça bonita desejou que seu filho (na época não era possível saber o sexo da criança de antemão), fosse saudável e inteligente. Leia-se com tal pensamento expresso em vontade, que fosse mais esperto que ela -a mãe, já que julgava-se "perdedora" por não possuir educação formal e sabedoria compatíveis com o que outrora almejou.
Pedido feito, desejo realizado.
Ela teve uma filha saudável, de beleza mediana e grande argúcia.
Entretanto, logo principiou-se uma batalha por vezes pontuada de gritos reivindicatórios e, em outras situações, plena de silêncios recheados de ódio e ressentimento. Um cenário ruim  trazendo à tona precário relacionamento afeitvo entre mãe e filha. A criança era voluntariosa, egoísta e portadora de uma revolta de origem desconhecida por si e por sua genitora. Menina afeita à solidão, sua "bonequinha" passava longas horas a tecer monólogos enormes. Avessa a questões sociais, onde houvesse mais de duas crianças em sua companhia, de pronto se retirava.
A mãe nunca soube como agir, nem o que dizer, pois a menina era a antítese de tudo que ela havia pensado de um filho, especialmente em se tratando de uma menina. E o tormento prosseguiu conforme os anos se sucederam. Problemas neurológicos e psicológicos seguidos de testes e mais testes para desembocar-se em lugar nenhum e ter qualquer resposta que fosse diante das indagações face a um comportamento esdrúxulo.
Ao final da história, tudo o que a doce menina bonita do início da narrativa conseguiu fazer de sua vida, foi transformá-la em um amontoado de erros, estendidos aos que com ela convivessem.
A filha tornou-se uma adulta desnorteada, verdadeira bomba-relógio emocional. Instável demais, e apesar da boa capacidade mental, completamente perdida em questões atinentes ao que fazer consigo mesma.
A mãe, como forma de desculpar-se, saiu culpando todos que a cercavam no que tange a seus infortúnios. Todos se tornaram algozes, todos a maltrataram. Em sua soberba opinião, jamais reconheceu ter agido com qualquer tipo maldade, fossem estas irrustidas ou deflagradas. Restou pouco à filha. Restou tão pouco que a única atitude que ela tem da parte de sua mãe atualmente, é a indiferença.

Moral da história: Deus pode escrever torto, se você não lhe oferecer um bom caderno de caligrafia.
Por isso digo: "Bem-aventurados aqueles que sabem o que querem para suas vidas e quando ousam pedir algo a Deus, o fazem com sabedoria, pois não acrescentarão dores aos que não pediram para neste mundo  estar."

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