domingo, 13 de novembro de 2011

De repente, 1987

Esse foi um ano emblemático em minha vida. Marco do início de minha adolescência em caráter oficial, hormônios efervescendo a cada dia e com maior intensidade. Tudo dentro de mim hiperbolizando, muitas emoções, tantas que meu pobre e frágil corpo quase não podia aguentar.
Vestia um maiô e via uma silhueta nova, seios enormes, pernas longilíneas. Olhava meu rosto e meus olhos, antes cor-de-burro-quando-foge, subitamente haviam se transformado em deliciosas azeitonas óticas! Os cabelos encaracolando junto com os pensamentos, dando voltas em mim, em meu rosto e suas impertinentes espinhas. Mas eu era uma florzinha (risos). A menina do sorriso fácil, do casaco abotoado até a metade, das polainas azuis, dos all star de bordas vermelhas, da placa de siga...
E minha mente flutuava. Uma avalanche de idéias, frases e excertos. Uma festa de neologismos. Nada escondido, tudo aparecendo, berrando, profícuo de transparências!
Isso foi em um remoto mil novecentos e oitenta e sete, em meus mais remotos ainda treze anos de idade. E vieram as paixões. Algumas platônicas, outras não. Atraída e atraindo, me surpreendendo comigo e com os outros. Época maravilhosa! Cheia de certezas, segura de mim, exalando potencial...Meu professor escorregando em meu brilho, meu amiguinho derretendo dainte do meu calor! Nossa! Isso nem parece ter sido real! Será que ainda trago resquícios dessa fantástica teenager?
Escutando Cure, lembrei do famingerado show deles em Porto Alegre neste mesmo ano, o qual não pude assitir. Não tinha dinheiro e sequer idade. Evento muito comentanto na ocasião. Aqueles colegas que puderam ir, fizeram questão de esnobar os que não tiveram a mesma sorte.
Como era bom quando as únicas frustrações de minha vida eram estas!
Mesmo assim, foi um tempo pleno de recordações maravilhosas, tantas que toda vez que escuto sons como estes, me sinto de novo reportada enigmaticamente ao meu doce e etermo mil novecentos e oitenta e sete...

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