sábado, 23 de julho de 2011

Tentando

Noite de sábado e eu sentada em frente ao computador. Não era o que desejava, mas diante dos últimos acontecimentos este exercício de ressignificação faz-se imperativo.
Não posso ignorar minhas chagas, esconder minhas dores, apagar de dentro de mim sentimentos tão genuínios. Não quero que assim seja. Preciso me organizar e isto só virá a custa de tempo, purgação e reelaboração de experiências. Fácil não tem sido. Cada dia, uma etapa a ser vencida, cada sorvida de ar aos pulmões, uma vitória por constatar que ainda estou viva. Muitos sentidos esvaíram-se, foram com a correnteza de alguns sentimentos. Eu não desejava que tanto do que me compõe tivesse escorrido como água de minha torrente interna. Entretanto, ainda há em mim uma nascente de amor. Ainda existe uma pessoa que não quer calar suas pulsões, porém, não me é dado a escolher. Meus propósitos foram interropmidos, minha trajetória foi em certo ponto extinta. Não adiantaria usar de rebeldia. É como se lutasse contra moinhos de vento, e todos nós sabemos qual foi o fim de Quixote. Não invejo sua melancolia tragicômica.
Mas será minha atualidade trágica ou cômica?
Em um primeiro exame, talvez afirmasse resolutamente que estou no meio de um turbilhão trágico de afetividades. Sofro por dentro e até por fora. Minhas defesas estão abertas, tenho tido terríveis dores de cabeça, a dispepsia me assola todas as noites. Sou a tradução da dor. Meus olhos deixaram de brilhar, meu sorriso subitamente apagou-se.
A banda cômica de minha narrativa ( com significação de surpresa) fica por conta dos presentes de carinhos inusitados que tenho desinteressadamente recebido. Algo completamente fortuito para mim. Jamais pensei que certos acasos ainda fossem se precipitar. Conforta saber que existe motivo, existe altruísmo, existe ternura.
É...A vida não acontece como planejamos, não segue como desejávamos, mas não quer dizer que o universo ao seu redor esteja estanque. Tudo segue, segue, segue.
Hoje, após o banho olhei meu rosto detidamente. Não faço isso há considerável tempo para  mulher vaidosa que sou. Observei a machucadura em minha testa. Faz pouco, sangrava e encontrava-se inchada. Agora está quase imperceptível. Cicatrização praticamente completa. Então, de imediato lembrei de meus padecimentos interiores, minhas feridas ainda tão vivas! Quanto tempo levarão para ficarem curadas?!
Refleti. Uma lágrima impertinente escorreu pelo meu olho direito, semelhante a que resvala sobre minha tez neste insólito momento. É difícil e ninguém jamais afirmou o contrário. Há um eco em meu ser, um eco de palavras maldosas, de condenação, de culpa.
Meu apego é no amor, só que agora no amor que possuo e não naquele que perdi ou jamais tive. Sigo. O que tenho em mãos é precioso e nunca irei me desfazer da dádiva da vida, do presente do amor, da doação singela.
Aprendo uma lição de tudo que venho passando. Hoje reconheço o valor do que tenho e embora sofra, uma certeza de que os dias trarão minha melhora é o que me mantém!
Abraços

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