quinta-feira, 19 de março de 2015

Abri minhas defesas

Cedi. Estou doente. Emagreci.
Perdi o sono para não perder a dignidade. Calei minhas palavras para ti.
Somam-se os dias e minhas patologias. Ontem eram dores de cabeça, hoje cólicas,amanhã, quem saberá?
Meu corpo sente e se ressente da tua falta. Releio tuas mensagens,não consigo acreditar!
Minhas doenças não são figuras de linguagem, aqui colocadas para enfatizarem o que digo. Eu realmente adoeci. Tenho tido sangramentos repentinos, dores lancinantes. Intuo que provenham da tua ausência, da tua rejeição, da rejeição "dele" - daquele que negou-se a estar conosco.
Todos os meses as mulheres sangram. Eu sangrava duas vezes. Para fora e para dentro. Ele não vinha e eu te sentia ir embora junto, devagarinho.
Eu queria, tentava, mimetizava sintomas, mas ao fim, só restava a decepção. Não consegui. Eu quis, mas não consegui.
Não tens ideia de como me doi ter te decepcionado. Não sondas como me doeu te fazer doer. Eu nunca quis te fazer doer.
Creio que agora a tua dor e a minha devam ter se encontrado em meu corpo, tamanha é a avalanche de sintomas.
No fundo, bem lá no fundo, eu sabia que "ele" era só uma desculpa. Um desespero,uma ânsia em te levar a me amar. Não consegui, eu quis, mas não consegui.
As dores são uma espécie de medo também. Elas antecipam considerável masoquismo de minha parte. Eu temo que uma outra te dê o que eu fui incapaz de dar. Eu temo o dia em que as fotos de um desfecho feliz, serão publicadas na rede mundial. Eu estremeço diante da possibilidade da dor de ser espectadora da tua felicidade. Não que eu não queira te ver alegre e nem que não deseje tua felicidade. Eu apenas não queria sentir a dor sufocante da incapacidade. Incapacidade de ser amada, incapacidade de fazer a vida vingar, incapacidade de ser melhor. Ser melhor do que sou para que tu pudesses ser um ser humano melhor também. Crescer e ver teu crescimento. Resumo do meu contentamento. Algo que jamais existiu.

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