"Pintar-se a si mesmo é pintar algo que adquire uma figura a cada instante e que não tem consistência.Ora, os traços de minha pintura não se extraviam, embora mudem e se diversifiquem. O mundo não é mais do que uma balança perene(...) Não consigo fixar meu objeto. Ele vai confuso e cambaleante, com uma embriaguez natural. Não pinto o ser. Pinto a paisagem (...). É preciso ajustar minha história ao momento. Daqui a pouco poderei mudar, não só de fortuna, mas também de intenção. Esse (livro) é um registro de acontecimentos diversos e mutáveis e de pensamentos indecisos e,se calhar, opostos: ou porque eu seja outro eu, ou porque capte os objetos por outras circunstâncias e considerações. Seja como for,talvez me contradiga; mas, como dizia Dêmades, não contradigo a verdade".
Montagne
Essais
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