Eles existem. Caminham sobre dois pés, mas flutuam em nossos corações. São presentes e fugazes. Imortais em nossas emoções, frequentemente tendo corporeidade passageira. Nesse ano que se encaminha ao fim conheci dois deles. Fluidos, gentis, doces, ternos. Uma miragem humana, um querer existir que não existe de fato.
Olhos enormes, celestes ou verde-esperança, mel ou castanhos-tempestade,
pouco importa. Posso dizer que aprendi a identificá-los. A banda triste da
história é que eles só ficam conosco por espaços temporais curtos. Você se pega
envolta naquela atmosfera de paz e acalanto. Tudo neles lhe faz tão bem. É como
tomar uma doce xícara de chá depois de prantear uma noite inteira.
Você clama que permaneçam, entretanto, sabe que a visita é breve. Sente
saudades antecipadas. Melancolias agridoces lhe invadem. Então, de súbito, eles
se retiram. Partem para outras jornadas.
Talvez a missão seja tão somente curar a doença, cicatrizar a ferida. E
quando a gente já está restabelecida e forte eles evanescem. Resta a enorme
lacuna de uma amizade estribada na generosidade, na ajuda sem pretensão alguma
de retorno.
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