O raso e o cogulo
No início da sua vida. Foi lá que tudo
começou. Você teve suas ideias cortadas rente à sua subjetividade, sua
criatividade. Foi rapado em sua individualidade. Por isso, hoje, busca neuroticamente
por independência. Confunde-a com indiferença. Você crê que a autossuficiência está
ligada a pouca ou nenhuma solicitação de ajuda. O nó do egoísmo não aceita
laços com a generosidade, e, aqueles que não empatizam, solitários serão. Você
é.
Você é
liso, escorregadio. Não tem nervuras, vincos ou sulcos. Sua alma não tem as reentrâncias
necessárias para que consiga identificar-se com quem quer que seja.
As
bordas do seu cotidiano são baixas. Não há espaços para grandes ousadias. Se as
bordas do seu prato existencial fossem um tanto mais altas, você exploraria
mais a vida e por certo reconheceria as preciosidades que lhe cercam.
Infelizmente, você nem percebe os tesouros que passam pela frente dos seus
olhos.
Você é
raso de sorrisos, raso de lágrimas, raso de expressividades. Seu coração é uma
planície e nenhuma batalha dentro dele é travada. Você é travado!
Raso
como soldado raso, você é milico da vida. Não eleva sua patente, pois falta
sangue nos dutos que o ligam ao real. Você é quase irreal, você se afasta das ocorrências
que humanizam. Você se sedimenta no silêncio.
Você é
raso. Não nada, não mergulha, não respira, tampouco sufoca.
Você é
raso. Eu sou cogulo.
Excedi,
transbordei e lhe chamei para pular no abismo comigo; Cogulo sendo, contigo
apenas coagulei.
Cortante, transformador. Consegui, talvez, tocar em teu lado passional: ficou algo colado em minhas mãos após a leitura.
ResponderExcluirLi com tua última sugestão musical: morri do jeito que costumo apreciar!
Ah, Ane querida! Muito Obrigada! Bjs
ResponderExcluirAh, Ane querida! Muito Obrigada! Bjs
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