Você
diz que sente pena e eu sinto pena da pena que sente.
É
lamentável a crença de que se conhece alguém, apenas por meia dúzia de
postagens nas redes sociais. É crer demais em seus poderes intuitivos,
disfarçar mal a ideia de um eu-gnóstico. Discursivizar a solidão e dor alheia é
minimizar o outro e maximizar a si. Não sou dada a extremos. Prefiro que os
dias respondam meus questionamentos, que o tempo finalize a brincadeira em que
consiste o viver.
Eu sou
apenas uma peça do puzzle, eu não sou o puzzle... Entende?
Para
algumas pessoas, é muito difícil compreender que a mola propulsora do mundo não
é acionada pelos seus poderes mitômanos, que não são razão de toda e qualquer
palavra proferida ou escrita. Estão sempre em meio a um voo
alucinante em seu ciclone umbilical.
Eu faço
perguntas retóricas, sim. É uma maneira que encontrei de organizar meus
pensamentos, pôr em ordem a minha bagunça interior. Eu falo sozinha, sim. Aliás, sempre falei.
Mesmo tendo amigos, os momentos em que confabulei comigo, me trouxeram
epifânicas respostas.
Há
muito mais de loucura por aí, do que num gesto pueril de conversar com seus botões
(como dizia minha vó). Mais adoecido emocionalmente está aquele que se incomoda
com a elaboração pessoal e solitária do outro. Mais digno de pena é o indivíduo
que tece palavras rudes diante de uma singela expressão de bom humor em uma
segunda-feira sem sol. Menos sol de alma tem o que precisa usar suas
capacidades para atingir com crueldade quem não precisa e nem se aborrece por
pouco.
Não me
importo de ESTAR solitária. Essa é uma escolha deliberada. Procuro respeitar
meu ritmo, meu momento é de digressão. Não me sinto triste por estar comigo,
minha tristeza não está escorada nas atitudes de outra pessoa. Eu não fujo do
que sou, pelo contrário, eu admiro minha essência, minha quietude, minha forma
de enfrentar as dificuldades. Meu silêncio é precioso para mim, pois é nele que
me refugio e nele encontro minhas saídas. Não preciso de fotos no Instagram
para provar que existo, tampouco necessito escancarar meus sentimentos para o
mundo suplicando que me amem. Não careço de jogo de luz e sombra, não vivo para
os holofotes imbecilizados da mídia. Minha vida é pequena por que decidi que no
meu espaço, só entrarão aqueles que realmente me fizerem/quiserem bem.
Se você
se irrita, tudo que tem a fazer é retirar-se. As alternativas para ignorar o
que não agrada, hoje em dia, são inúmeras. Basta um clic e puf! O
sujeito/sujeita deixa de existir.
À revelia
do que você seja (ou pense que seja), continuarei existindo. À revelia do que
você sinta, continuarei sendo.