Dia desses sonhei que acariciava tua
cabeça. Fazia cafuné em teus cabelos, numa singela demonstração de quanto ainda
te amo. Quando acordei, um vento varreu os sentimentos gostosos do sonho. Em um
instante retornei ao espaço cheio de dor que se tornou meu coração desde que tu
te foste.
Sinto-me amarrada. Nada posso fazer
para modificar o que aconteceu. Tu decidiste por nós. Apesar do amor ainda
estar cá dentro de mim, não há razão para que subsista. É uma energia sem
direção.
Eu me lembro de ti todos os dias. E
toda vez que me ocorre uma lembrança tua, também tenho a certeza de que, da tua
parte, não há qualquer tipo de saudade ou lembrança de mim. Certamente, essa é
a parte mais sofrida da nossa ruptura. Ela doeu e doi apenas e tão somente em
mim. Eu te acompanho nas redes sociais, eu analiso cada frase, cada foto
publicada. Nelas procuro obsessivamente por algum tipo de sofrimento teu,
advindo da minha ausência. Entretanto, só o que vejo é um homem feliz e obtendo
êxito nos mais variados planos de sua vida. Não fiz nem faço falta. Pior. Nunca
fiz ou farei diferença.
De tudo que nosso relacionamento me
ensinou, creio que a lição mais cara seja a de que jamais devo esquecer-me dos
meus sonhos em detrimento dos sonhos de outro alguém. Jamais devo esquecer-me
de quem sou.
Há alguns anos, eu era uma pessoa
bem mais querida do que hoje sou. Em meus tempos de universitária, meus amigos
sempre solicitavam minha presença em seus círculos. Despertei paixões que,
infelizmente, não pude corresponder. Por certo fui amada, pois até homenagens e
discursos recebi. Livros com dedicatórias sublimes, passeios memoráveis.
Inúmeras foram as provas, de que fui importante para algumas pessoas, que
cruzaram meu caminho.
Para ti, eu não fui relevante. Logo
para ti, que tanto bem eu quis.
A vida é mesmo muito complexa. Não é
um cálculo exato, um filme com fim já anunciado. Na maior parte das vezes, nem
mesmo nossa intuição nos salva.
Eu planejei um zilhão de coisas
contigo. Férias, casa, móveis novos, filhos, velhice. Não obtive sucesso nem
com um plano de simples dias de descanso no nosso empobrecido litoral. Nada.
Passei dias de calor dentro de um
quarto sem janela, chorando por jamais ter conseguido conquistar efetivamente
teu coração.
Hoje, a dor não é tão pungente. Meu
trabalho, meus pais e meus gatos são meus placebos. É vida que segue... Tem de
seguir.
Deixo aqui registrado apenas que,
jamais, em nenhum momento da minha vida contigo eu te desejei mal. Muito antes
pelo contrário. Tudo o que quis e continuo querendo é que sejas feliz, pois te
amo e quem ama, deixa livre, mesmo que isso traga a dor. Amar também é doer. Eu
me resigno.
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