Gosto muito desse texto, por esse motivo e por calhar...decidi republicá-lo.
Teu sorriso esconde uma
lágrima, sempre. Sabe por quê? Por que aceitaste o pouco, o menor, a média, o
normal, o saturado.
Não quiseste fazer trabalhar
tuas engrenagens. Preferiste a submissão absoluta ao tédio, o conforto da
tolice. Agora o preço se tornou alto demais, já não podes mais pagar por ele. O
tempo não financiou teus deslizes, te cercaste de ignóbeis. Pobre és, mas tua
miséria foi esculpida por teu ócio. Tuas delicadezas cederam espaço a certa
imbecilidade.
As Ninfas choram e Hades te
espera e esperar faz tua dor aumentar. Tuas feridas se multiplicaram, pois agora
teus dias só te trazem enfado. Emolduraste tuas perspectivas em um quadro
surrealista. Pícaro de ti mesmo, guardas a tristeza do idiotismo. Tremores
involuntários de um corpo frágil e um cérebro condenado à demência.
Nada pode te fazer emergir do
lodo em que te atolaste. Tuas mãos tentam apalpar o ar, andas a esmo, a
melancolia demarcou limites ilimitados em teu coração. Pobre de ti. Permitiste
que tua essência escorresse em acordes fúnebres, e agora... Não existes mais, és
um borrão, caricatura, esboço amarelado nas gavetas de tua própria mente. Tuas
palavras não reverberam nem mesmo dentro de ti. Perderam o sentido, pois tua
condição de único acabou e sequer percebeste. A massa disforme de seres
embrutecidos fundiu-se em ti e agora te compõe.
Estás invariavel e simbioticamente unido aos degradados, aos estéreis de
vida, aos patéticos em excelência.
Atiraste tua sobrevivência nas
mãos de débeis, esperavas que eles te trouxessem oxigênio da existência,
entretanto, te sufocaste em estupidez. Nada restou, nenhum escrito, nenhum
negrito, nenhum registro. Tudo foi esquecido por ti. Teus cabelos se apoucaram,
tuas rugas aumentaram e as palavras te sumiram. Foram sendo apagadas uma a uma.
O espaço que outrora era delas, agora é palco de movimentos ritmados de burrice,
e estes se repetem a cada manhã, a cada segundo. Nada é questionado, nada é
pensado.
A ilusão de se negar foi
preponderante em ti. E as perdas se avolumaram. Não há o que esperar. O
automatismo irreflexivo te mantém. Nada de vôos, pois SEMPRE uma lágrima te
contém. O universo autômato te retém.
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